Lembro-me bem do momento em que descobri SKELETAL REMAINS lá em 2012, quando lançaram seu álbum de estreia, "Beyond The Flesh". Na época, eu estava bastante empolgado com a descoberta e recomendei a um amigo, dizendo que se ele curtisse algo no estilo de ASPHYX, essa banda seria perfeita para ele. Mas agora, 12 anos depois, não consigo encontrar muitos argumentos para sustentar essa afirmação.
A verdade é que a banda passou por uma transformação significativa ao longo dos anos. Hoje em dia, eles se consolidaram como uma banda de death metal extremamente brutal, com riffs e batidas implacáveis. Além disso, os vocais de Chris Monroy mudaram consideravelmente, tornando-se mais sombrios e monstruosos, algo que remete menos ao estilo de Martin van Drunen. Essa mudança não deveria ser uma grande surpresa para quem acompanhou a trajetória da banda e seus últimos lançamentos, já que cada álbum se tornava mais pesado e brutal que o anterior. No entanto, essa abordagem cada vez mais intransigente e pouco melódica é, no mínimo, surpreendente, e confesso que não esperava uma mudança tão radical.
E essa mudança não é apenas surpreendente, mas também desafiadora, na minha opinião. Confesso que, após a primeira audição de "Fragments Of The Ageless", fiquei um tanto perplexo e, em certo sentido, até um pouco desapontado. Mas, após algumas audições adicionais, devo admitir que o álbum começa a crescer em você com o tempo.
"Relentless Appetite" é exatamente o que os fãs esperavam. A música é cheia de reviravoltas emocionantes, com uma linha de baixo poderosa e vocais ressonantes que evocam a atmosfera dos trabalhos do Morbid Angel na era pós-"Album D". O solo de guitarra também merece destaque, lembrando muito o estilo do Morbid Angel e do Hate Eternal, que são claramente influências para esta banda.
A introdução sombria de "To Conquer The Devout" me lembra muito os primeiros trabalhos do Hate Eternal, e quando os vocais entram, isso só reforça essa associação. É interessante notar que a banda decidiu fazer um cover de "Messiah Of Rage" da demo de 1997 do HATE ETERNAL, o que demonstra claramente sua admiração pelo trabalho dessa banda.
Com "Unmerciful", Skeletal Remains nos presenteia com uma música mais longa e sinistra, com um ritmo ameaçador e uma atmosfera monolítica. Esta pode ser a música mais acessível do álbum, com estruturas mais claras e partes mais cativantes do que as outras faixas.
Antes de encerrar o álbum com o cover do Hate Eternal, "Evocation (The Rebirth)", a banda nos surpreende com uma faixa instrumental de cinco minutos e meio. Embora possa parecer um tanto longa e desnecessária para alguns, a música tem um elemento hipnótico que cativa o ouvinte.
Em resumo, "Fragments Of The Ageless" representa um trabalho sólido por parte da banda, embora alguns fãs possam ter ressalvas devido à mudança de direção musical. No entanto, após várias audições, devo admitir que o álbum cresceu em mim, especialmente em momentos de desânimo.
Por fim, vale destacar a qualidade da arte da capa, que desta vez foi feita por Juanjo Castellano e Dan Seagrave, uma combinação fantástica que captura perfeitamente a atmosfera sombria do álbum. Ambos os artistas fizeram um trabalho excepcional, criando uma capa que complementa perfeitamente a música do álbum.
A banda alemã HEAVENS GATE, infelizmente pouco conhecida no Brasil, teve um papel fundamental no cenário do power metal alemão ao lado de grupos como HELLOWEEN, GAMMA RAY e RUNNING WILD. Formada em Wolfsburg pelo vocalista e compositor Thomas Rettke, a banda inicialmente atendia pelo nome de STEELTOWER em 1982, antes de adotar o nome Heavens Gate em 1987.
Em 1988, com a formação composta por Thomas Rettke, Thorsten Müller, Bonny Bilski, Manni Jordan e Sascha Paeth, conhecidos posteriormente por seus trabalhos com outras bandas renomadas como Avantasia e Luca Turilli, lançaram o álbum de estreia "In Control", apresentando um som poderoso que os consolidou como um dos pioneiros do gênero.
O ápice da carreira da banda veio em 1991 com o lançamento do álbum "Livin 'In Hysteria", que se tornou um sucesso global, exceto no Brasil, onde seus discos não foram lançados. Após uma bem-sucedida turnê mundial, o baixista Manni Jordan deixou a banda e foi substituído por Robert Hunecke-Rizzo, um talentoso multi-instrumentista.
A banda construiu o GATE STUDIO em Wolfsburg em 1994, onde produziram seu álbum "Planet E" em 1996, único lançado no Brasil. Após outros lançamentos, como o acústico "In The Mood" (1997) e "Menergy" (1999), a banda se separou em 1999 após um festival de metal na Suécia.
Em 2015, lançaram o álbum de compilação "Best for Sale!". Recentemente, a banda anunciou sua reunificação após 18 anos para uma apresentação no festival Soundtrack Wolfsburg.
A discografia da banda inclui os álbuns "In Control" (1989), "Open the Gate and Watch!" (EP, 1990), "Livin' in Hysteria" (1990), "More Hysteria" (EP, 1991), "Hell for Sale!" (1992), "Planet E." (1996), "In the Mood" (EP, 1997), "Menergy" (1999) e "Best for Sale!" (compilação, 2015).
Prika amaral, Hel Pyre, Gabriella Abud e Helena Kotina.
Nos dias 26, 27 e 28 de abril deste ano, ocorrerá em São Paulo a segunda edição do festival Summer Breeze Brasil. Entre as atrações, destacam-se diversas bandas internacionais renomadas no cenário do heavy metal mundial, tais como EPICA, LACUNA COIL, FORBIDDEN, MR. BIG, Sebastian Bach, HAMMERFALL, FLOTSAM AND JETSAM e outros artistas (confira o cartaz completo aqui).
Para uma das atrações em especial, o evento será singular, tanto para a banda quanto para os fãs. Estou me referindo à banda NERVOSA, que fará sua estreia em terras brasileiras com a nova formação. A guitarrista e vocalista Prika Amaral explicou um pouco sobre esse sentimento:
"Como você mesmo disse, será um show especial para a banda e também um desafio", reforça. "Será a primeira vez que Gabriella Abud (bateria, substituindo a búlgara Michaela Naydenova) tocará com a banda por lá."
Como todos sabem, nos últimos anos a NERVOSA passou por algumas mudanças em sua formação, levando Prika a assumir os vocais.
"Nunca foi minha intenção ser vocalista além de tocar guitarra, mas eu não queria mais passar por outra mudança neste sentido, então decidi assumir a "bronca" para que nosso som não fosse descaracterizado ou perdesse identidade."
E deu certo. O novo disco, "Jailbreak", lançado em setembro de 2023, é um soco no estômago daqueles que acreditavam (e até torciam) para uma suposta perda de qualidade no som da banda, mas isso não aconteceu! "Jailbreak" talvez seja o álbum mais agressivo e brutal já lançado pelas garotas, e não há como negar que muito dessa agressividade se deve aos vocais cavernosos de Prika.
"Fico feliz que tenha gostado! Realmente as críticas têm sido bastante positivas e isso me incentivou ainda mais a seguir por esse caminho, e, agora que comecei, não vai ter quem me pare!"
Além das brasileiras Prika e Gabriella, também fazem parte do grupo as gregas Helena Kotina (guitarra) e Hel Pyre (baixo).
Portanto, para quem quiser assistir ao show da NERVOSA no Summer Breeze, salve a data: dia 27 de abril, no palco Ice Stage, às onze da manhã.
Ainda não adquiriu seu ingresso? Tá esperando o quê? Clique aqui.
Enquanto bandas como o MASSACRE tentam reencarnar repetidamente e, em parte, produzem material sem alma e acabam se desgastando, bandas jovens como o MORFIN mantêm a chama da velha escola viva e se concentram simplesmente em compor músicas com alma.
A primeira impressão que "Consumed by Evil" transmite é como se o saudoso Chuck Schuldiner tivesse escrito muitas músicas para "Leprosy" que estão sendo lançadas agora. Até o vocalista Jesus Romero soa como Chuck, e as melodias principais em todo o trabalho de guitarra lembram uma mistura entre "Spiritual Healing" e "Leprosy", com toques de Obituary aqui e ali.
A faixa de abertura "Reincarnated" mostra todas essas características alinhadas a ótimas habilidades de composição, enquanto outras como "Slowly Dismembered" e "Illusions Of Horror" continuam nessa linha da velha escola. Já "Posthumous" poderia facilmente ter sido parte de uma demo de pré-produção de "Human", demonstrando claramente que esses músicos realmente admiram o DEATH, até mais do que o GRUESOME. No entanto, ao contrário do GRUESOME, as músicas apresentadas neste disco parecem mais naturais, maduras e bem construídas.
Considerando a tenra idade dos músicos, seu estilo e composição são verdadeiramente louváveis. Infelizmente, a produção deixa um pouco a desejar, pois tudo soa como uma gravação antiga de uma demo-tape do início dos anos 90, com a mixagem deixando as guitarras sem o peso característico do estilo.
No entanto, "Consumed by Evil" certamente agradará aos saudosistas do Death Metal clássico do início dos anos 90, assim como aos jovens headbangers que apreciam essa antiga abordagem do metal extremo.
Já se passaram 34 anos desde o lançamento do último álbum da banda de thrash metal de Tucson, Arizona, ATROPHY, intitulado "Violent By Nature", em 1990.
Agora, eles estão de volta com seu novo álbum, "Asylum"! Com data de lançamento marcada para 15 de março de 2024 pela Massacre Records, a pré-venda já está disponível em https://lnk.to/atrophyasylum.
"Asylum" representa o próximo passo evolutivo para ATROPHY. Mantendo a velocidade de "Socialized Hate" e os grooves de "Violent By Nature", este álbum acrescenta uma dose extra de peso à mistura, resultando em uma experiência auditiva impactante.
Após o lançamento do primeiro single e faixa de abertura do álbum, "Punishment For All", ATROPHY está compartilhando hoje um lyric video para seu novo single, "Seeds Of Sorrow"! A faixa já está disponível em todos os serviços digitais através de https://atrophy.bfan.link/seedsofsorrow.
A organização do Summer Breeze Brasil divulgou os horários dos shows da segunda edição do festival, que acontecerá entre os dias 26 e 28 de abril, no Memorial da América Latina, localizado em São Paulo. Confira abaixo os horários das apresentações.
Alex Kirst (bateria), Geoff Siegel (guitarra), Inger Lorre (vocal), Cliff D. (baixo) e Sam Merrick (guitarra)
THE NYMPHS foi uma banda liderada por Inger Lorre, uma cantora e compositora enigmática, que provavelmente também foi uma das musicistas mais talentosas de sua geração. Eles eram claramente uma banda competente e com visão de futuro, mas, que não fora criada para se encaixar no mundo comercial. Na verdade, se você está procurando um exemplo de um grande conceito que falhou e queimou, é esse.
Essa é uma história sobre como é difícil ser bem-sucedido no setor musical.
Com sede em Los Angeles no final dos anos 80, a banda foi arrebatada pela gigante gravadora Geffen Records e considerada uma revelação. Soando muito diferente de tudo na época, seu incendiário hard rock alternativo galvanizou a gravadora a acreditar que a banda tinha a chave para o futuro. De muitas maneiras, eles fizeram um álbum impressionante, dirigido pelo respeitado produtor britânico Bill Price, o mesmo homem que domou os Sex Pistols, incendiou o Clash e deu aos Pretenders um som que continua a perdurar.
"Eu preciso dizer que ele era um cara muito amigável, bastante formal, mas um homem que era fácil de se conviver e que nos ajudou bastante", declarou o guitarrista Geoff Siegel, em uma entrevista na época.
No entanto, como Siegel aponta tristemente, o relacionamento entre os membros da banda foi tenso, o que não tornou o processo de gravação confortável.
"Éramos conhecidos por sermos uma banda instável", lamenta. "E certamente nunca nos demos muito bem, pois nada que essa banda fez foi fácil. Todo o processo de gravação foi muito caótico, havia discussões constantes entre nós sobre tudo e qualquer coisa. Suponho que uma maneira de ver isso é que a tensão dentro da banda ajudou a aumentar o nível geral de intensidade, o que foi um grande impulso para a maneira como tocamos no álbum."
O estresse em estúdio aumentou quando Price foi subitamente escalado pela gravadora para trabalhar com o Guns N" Roses, que estava a trabalhar no disco "Use Your Illusion", o que deixou a galera do Nymphs bem puta da cara.
"Disseram-nos que Bill passaria um mês trabalhando com o Guns N' Roses e depois voltaria para nós", suspira Siegel. "Mas no entanto ele retornou somente depois de uns quatro ou cinco meses, e, realmente, isso destruiu a banda. Nós argumentamos que Bill deveria ficar conosco, mas que chance tínhamos contra uma grande banda como o GN'R? Eles sempre iriam ganhar".
De qualquer modo, não é justo dizer que David Geffen, chefão da gravadora Geffen, tenha "abandonado" os Nymphs. Ele garantiu que os músicos tivessem dinheiro para continuar vivendo enquanto esperavam a volta de Bill e também garantiu que houvesse um orçamento decente para promover o álbum.
Porém, o Nymphs não era uma banda que aceitaria humildemente uma decisão de negócios com a qual eles discordavam veemente... A vocalista Inger Lorre era alguém que tinha sua própria maneira de defender sua opinião, fato que o executivo Tom Zutatut veio a descobrir de uma maneira nem um pouco ortodoxa.
"Você tem que entender a situação em que estávamos na época", defende-se Inger ao explicar os eventos que levaram a um dos mais infames incidentes do mundo da música na década de 1990.
"Assinamos nosso contrato com a gravadora mais ou menos na mesma época que o Red Hot Chili Peppers e Jane's Addiction. Mas, Tom Zutaut queria nos manter no gelo até, como ele mesmo disse, chegar a hora certa. Então, não apenas não fomos autorizados a entrar no estúdio por muito empo, mas também não podíamos tocar ao vivo".
"Como dependíamos totalmente do dinheiro que recebíamos da Geffen para viver, todos nós tínhamos medo de fazer qualquer coisa que os incomodasse, porque poderia acabar conosco. Então seguimos suas intruções. mas quando entramos no estúdio, o Jane's Addiction já tinha dois álbuns lançados, e os Chili Peppers também tinha um lançado."
Mais tarde, quando Inger descobriu que Bill Price estava trabalhando com o GN'R, as coisas ficaram muito mais tensas.
"Certo dia, cheguei ao estúdio e encontrei os engenheiros enrolando nossas fitas guardando-as. Quando perguntei o que estava acontecendo, eles me disseram para perguntar à Geffen. Então tentei ligar de casa para o Tom, mas não consegui mesmo após várias tentativas.
"A essa altura eu já estava bêbada e muito enfurecida! Então decidi ir pessoalmente até o escritório da Geffen e confrontá-lo cara a cara. Chegando lá me disseram que ele estava em uma reunião e decidi esperar."
"Enquanto esperava eu devo ter bebido uns oito copos de café ou água. Até que finalmente eu entrei em seu escritório. Ele sentava em uma cadeira enorme atrás de uma mesa grande, na frente havia um sofá pata os visitantes. Mas eu disse a ele que queria sentar em sua cadeira para esta reunião, e ele poderia sentar no sofá. Tom concordou e comecei a falar lenta e razoavelmente sobre a situação. Até que, cuidadosamente subi naquela mesa e mijei em tudo que estava sobre ela!"
Tom Zutaut no entanto lembra que a explosão de Lorre (por assim dizer) foi um pouco mais traumática do que isso... "Corria tudo bem no começo da reunião, mas quando Inger percebeu que o Nynphs havia perdido Bill por aquele período de tempo, ela enlouqueceu. Ela literalmente rasgou as roupas, subiu na minha mesa, abriu a virilha e mijou em todos os lugares, inclusive em mim! Então ela saiu furiosa."
"Minha secretária entrou alguns minutos depois e me encontrou sentado ali totalmente traumatizado, coberto de mijo. Ela pensou que era água e foi buscar alguns lenços. Na época foi muito chocante. Agora, porém, posso rir disso."
Chocante ou não, o "protesto" de Lorre deu certo. No dia seguinte, a cantora recebeu um telefonema da Geffen e foi informada que Bill voltaria a trabalhar com a banda o mais rápido possível. "Pelo menos eles entenderam que só queríamos ele e mais ninguém!", diz ela gargalhando.
O disco saiu finalmente em 1991, mas a má sorte persistiu, pois mais ou menos na mesma época o Nirvana lançou o hiper-mega bem sucedido "Nevermind", que vendeu milhões mundo afora, obrigando a Geffen Records investir todos os seus recursos nele e deixar bandas menores como os Nymphs em segundo plano.
"Eu não culpo a Geffen por isso", declara Siegel. "Eles fizeram o possível por nós. Gravamos videos para "Imitating Angels" e "Sad and Damned", e também pagaram para que fizéssemos uma turnê americana de dois meses abrindo para o Peter Murphy. Devo dizer que eles nos trataram muito bem e ficaram entusiasmados com o álbum".
Infelizmente, a turnê com Peter Murphy provou ser a sentença de morte para a banda, já que as relações entre Lorre e os outros se deterioraram além do ponto sem volta.
"Inger tornou-se impossível de lidar", declara Siegel. "Ela ameaçava sair da banda o tempo todo e até se recusando a subir no palco para um show. A atmosfera era terrível."
EM 22 DE JUNHO DE 1992, as coisas chegaram ao auge no Cameo Theatre em Miami Beach, com um cenário que agora parece uma farsa.
"Inger disse que não queria subir no palco", lembra Siegel. "Então, o resto de nós decidiu ir em frente sem ela. Ela nunca apareceu para os ensaios de qualquer maneira, então estávamos acostumados a tocar sem ela. E também podíamos lidar com o lado vocal. Então, cinco ou seis músicas em nosso set , ela entrou, vestindo seu pijama e um chapéu! Ela começou a discutir conosco no palco, bem à vista do público. Eles devem ter pensado que éramos um bando de malucos. Foi uma loucura. Então não aguentamos mais e a demitimos. Decidimos continuar como um quarteto, mas foi o nosso fim."
Siegel, que admite não ter falado com Lorre desde aquela noite infame em Miami, acredita que a cantora pode ter tido problemas para lidar com as exigências de estar em uma grande gravadora.
"Acho que ela nunca quis estar com uma empresa como a Geffen. No que lhe dizia respeito, The Nymphs deveria estar em uma gravadora independente. Ela estava sempre tentando tornar a vida tão difícil para todos nós. Eu realmente Acho que isso poderia ter nascido de uma frustração de onde ela se encontrava como artista. Mas, no final, não havia como progredirmos com ela."
Na verdade, a banda parou logo depois de se separar de Lorre. "Geffen realmente queria fazer um segundo álbum conosco", confirma Siegel. "Mas todos nós acreditávamos que não valia a pena continuar. Naquela época, eu havia dedicado três anos da minha vida a essa banda e não estava preparado para perder mais tempo com isso. Além disso, parecia errado continuar sem a pessoa que começou The Nymphs. Então decidimos nos separar."
Inger, porém, nega veementemente que ela foi demitida. "Eu sei que é isso que Geoff diz às pessoas. Mas alguém realmente acha que eles teriam demitido a pessoa que fundou a banda e escreveu todas as músicas? Eu fui embora. Tom Zutaut até voou para Nova Jersey, para pedir aos meus pais que tentassem me convencer a voltar."
"Depois que saí, não conseguia nem ouvir rock 'n' roll no rádio; tudo o que ouvia era música clássica. Foi de partir o coração para mim. Eu amava tanto a música e tê-la tirado foi demais para suportar. Houve até momentos em que pensei em não estar aqui. Tive problemas em lidar com o tempo que levou para entrarmos no estúdio e fazer o álbum, talvez eu tenha enlouquecido um pouco na época..."
Mas o álbum em si também mexe com as emoções, e nos faz apreciar o brilhantismo totalmente louco da banda.
"Para mim, The Nymphs foi a banda que praticamente inventou o grunge", insiste Zutaut. “E eles teriam recebido o crédito por isso se o álbum tivesse sido lançado quando deveria ter sido. Pessoas como Courtney Love iriam assistir Inger. Mas deixar a banda esperando pelo produtor enquanto ele trabalhava com o GN'R custou a chance deles", admite.
"A MTV estava pronta para colocar 'Imitating Angels' em alta rotação quando eles se separaram. Eu tentei persuadir Inger a ser paciente e esperar algumas semanas para se firmar na MTV, e então ele teria sido maior do que 'Smells Like Teen Spirit'. Mas ela me disse para me foder, ligou para David Geffen e brigou com ele sobre colocar sua carreira e vida em espera e então disse a ele que The Nymphs havia se separado. E como resultado, ele me disse que a gravadora estava retirando o vídeo da MTV e também decidiu que a empresa não trabalharia mais com a banda. Aquele telefonema psicótico para David Geffen custou não apenas sua carreira, mas também a de sua banda. O problema de Inger é que ela tem rosto de anjo e alma de demônio. É por isso que este álbum é um clássico perdido em vez de um prenúncio multimilionário do movimento grunge."
Inger Lorre é uma pessoa dedicada à paixão e compaixão pela música. É instilado em seu ser e a move emocionalmente a uma profundidade que só acontece com verdadeiros artistas. Ela encontra conforto e uma bússola por causa da música - isso lhe dá voz e substância. E ela está totalmente focada nisso.
"Quando fui para Los Angeles, as pessoas me disseram que havia uma chance em um milhão de conseguir. Mas eu acreditava que poderia ser essa chance em um milhão. Acreditei na esperança e ainda acredito na esperança."
Sobre o disco, Inger se diz intensamente orgulhosa dele. "É atemporal. Não ouço muito, mas quando ouço, fico muito satisfeito com o resultado. Muito disso se deve a Bill Price e também a ótimas canções. Soamos como nós mesmos; Bill capturou aquil e multiplicou por 10. Em um nível pessoal, eu realmente não sabia cantar naquela época. Mas encontrei uma maneira de tentar cantar que me deu meu próprio estilo. Isso foi importante - ter individualidade."
Como banda, The Nymphs era único, e é por isso que este álbum não é um clássico perdido - "É" um clássico.