27 outubro 2017

F.K.Ü.: vocalista fala sobre novo álbum, filmes de horror e sua opinião sobre refugiados sírios

Por Daniel Pacheco / Fotos: divulgação

Da esq. p/ dir.: Emil Berglin (bateria), Lawrence Mackrory (vocal), Pat Splat (baixo) e Pete Stooaahl (guitarra)
Lawrence Mackrory nasceu na Inglaterra, porém mudou-se para a Suécia com sua família ainda criança e por lá permanece até os dias de hoje. Atualmente possui seu próprio estúdio e ganha a vida como produtor e engenheiro de som, além de ser vocalista das bandas F.K.Ü. e DARKANE.

O Darkane deu uma sumida após lançar o ótimo "The Sinister Supremacy" em 2013, mas o F.K.Ü. continua firme e em novembro deste ano irá soltar seu mais novo álbum, intitulado "1981", cujo título é uma referência aos vários filmes de horror lançados naquele ano.

Conversamos com Mackrory para saber um pouco mais sobre o novo disco do F.K.Ü, e ele se mostrou um cara muito carismático e bem humorado, mesmo quando o assunto ficou mais sério ao ser questionado sobre a crise dos refugiados da Síria (a resposta que ele deu foi magnífica!). Portanto, acomode-se em sua cadeira e fure o seu Toddynho, pois o papo com foi bem legal.


Como foi desenvolver o gênero thrash 'horror' metal?
Foi em 1987, pois Pat, Pete e nosso primeiro baterista ouviam muito S.O.D. e decidiram começar uma banda. Uma das músicas chamava-se "Freddy Krueger", então os caras acharam que seria uma ótima ideia combinar crossover thrash metal com horror e um pouco de humor, então renomearam a banda como Underwear Freddy Krueger.

A primeira formação foi completada por um cara chamado Afro no vocal, que era um chef mexicano. A banda durou apenas alguns ensaios, mas, dez anos depois, em 1997, eles decidiram formar a banda novamente. Como o Afro não era realmente um bom cantor, eles me perguntaram se eu queria fazer os vocais. É claro que eu concordei, pois éramos bons amigos.

Começamos a ensaiar e a escrever músicas feito loucos e percebemos que havíamos escrito quase um álbum inteiro, que se tornou "Metal Thrashing Mas", nosso primeiro disco. A combinação de horror e thrash metal se tornou nossa marca e nos acompanha até hoje.

O novo álbum do F.K.Ü. chama-se "1981", que foi um ano especial para os fãs dos filmes de horror! Você tem alguma lembrança especial de filmes daquele ano?
Naquela época eu tinha apenas cinco anos e havia acabado de mudar da Inglaterra para a Suécia, então eu ainda não sabia nada sobre filmes e heavy metal. Mas, alguns anos depois eu comecei a sair com um amigo que tinha um irmão mais velho que curtia metal, e, quando ele não estava em casa, a gente costumava ouvir seus discos e logo descobrimos que ele tinha uma coleção de filmes de terror. Eu já conhecia alguma coisa do Hitchcock, mas o filme que realmente me marcou foi "Evil Dead", lançado em 1981. Depois disso fiquei viciado no gênero.

Recentemente vocês divulgaram a nova música "Nightmares in a Damaged Brain" e parece que vocês voltaram a fazer algo mais rápido e cheio de raiva...
Sim, você está certo! Queríamos que este álbum soasse mais agressivo e até um pouco mais punk, com músicas mais curtas e diretas, nada de mid-tempo! Então, começamos a compor um monte de músicas, e, quando as tocávamos, sempre olhávamos para a cara um do outro e nos perguntávamos: "essa música está muito chata?" Se a resposta fosse 'não', ela permaneceria no álbum.

"4: Rise of the Mosh Mongers" (2013) é um disco mais cadenciado, com muitas influências de heavy metal. Como isso aconteceu?
Na época a gente estava ouvindo muito heavy metal tradicional e foi inevitável essa influência no disco. É um trabalho que a gente realmente adora, mas contém músicas um pouco chatas e que não trouxeram aquela energia que pensamos ser sinônimo do F.K.Ü..

Eu também canto em uma banda de thrash metal e toda vez que ouço as músicas do F.K.Ü. eu realmente 'piro' no seu vocal! Antes de soltar a voz você faz algum tipo de preparação? E quais suas influências como vocalista?
Obrigado pelos elogios! Eu realmente não faço nenhum preparo, a não ser quando sinto que minha voz está um pouco 'cansada'. Neste caso eu faço algumas rotinas básicas de aquecimento vocal. Conheço muito bem a minha voz e digo imediatamente se preciso segurar ou se posso 'empurrar' muito.

Minhas influências são, basicamente, todos os grandes vocalistas thrash como Paul Baloff e Steve Souza (Exodus), Bobby Blitz (Overkill), Sean Killian (Vio-lence), John Cyriis (Agent Steel) Russ Anderson (Forbidden), Chuck Billy (Testament); além de Bruce Dickinson e Dio, é claro.

Darkane
Além do F.K.Ü. você também é vocalista do Darkane. Você tem influências diferentes na hora de criar os vocais para o Darkane?
É uma abordagem totalmente diferente e tento usar outros aspectos da minha voz no Darkane, pois eu curto cantar com mais melodia e fazer gritos mais agressivos. As influências são as mesmas e há outros vocalistas que admiro, como Chulck Schuldiner (Death) e Devin Townsend. Mas eu acho que não me inspiro em cantores específicos no Darkane, apenas faço o que é natural pra mim.

O último álbum do Darkane foi "The Sinister Supremacy" (2013). Como estão as coisas com a banda, existem planos para um novo álbum?
As coisas estão bem! Alguns membros precisavam de algum tempo de distância da banda, mas o novo álbum está sendo escrito.

Vou te mostrar algumas bandas brasileiras que são influenciadas pelo F.K.Ü. e depois me diga o que achou delas, ok?
Ok, estou curioso!

Cemitério - "Pague para Entrar, Reze para Sair"

Muito legal, gostei das guitarras! A música tem o mesmo ritmo o tempo todo e assim fica um pouco repetitivo. Eles deveriam ter colocado algumas pausas aqui e ali, reduzir a metade do tempo em algum lugar. Mas, no geral, uma banda muito sólida com muito potencial.

Imminent Attack - "Splact"

Som bastante sólido, bem crossover. Lembra um pouco o Municipal Waste. Os shows ao vivo devem ser divertidos, banda legal!

Cursed Slaughter - "Necronomicon"

Sim! Energia incrível! Eu realmente gostei disso, não há um segundo chato na música! Se um dia tocarmos no Brasil, gostaria que esses caras abrissem pra nós!

Zombie Cookbook - "Motel Hell"


Gostei! Tem uma vibe mais death metal, mas eu adoro death metal! O vídeo é bem divertido, amei as animações.

Lawrence, recentemente realizamos uma entrevista com o vocalista da banda polonesa Thunderwar e perguntamos a ele qual era sua opinião sobre os refugiados da guerra na Síria. Ele respondeu que "não há lugar para parasitas na Polônia". Eu sei que a Suécia é o país europeu que recebeu a maioria dos refugiados dos países islâmicos e sempre vejo pessoas criticando. Qual a sua opinião sobre esta situação em seu país?
Eu acho que todos devemos ser mais compassivos e menos estúpidos. É fácil dizer coisas assim se você nunca teve que fugir do seu próprio país com medo de ser preso ou morto. Não podemos esquecer que a Alemanha invadiu a Polônia em 1939 e muitos poloneses procuraram refúgio em outros países. De qualquer modo, não há uma 'situação' na Suécia... Nós aceitamos muitos refugiados, e daí? As ruas da Suécia parecem as mesmas como sempre foram.

Para encerrar: qual é o seu álbum favorito do FKÜ?
Honestamente, meu favorito é "1981". Nunca me senti tão satisfeito depois de gravar um álbum como este!

Qual seu filme de terror favorito dos anos 80?
Evil Dead (A Morte do Demônio)!

E qual é o seu pior pesadelo?
O meu pior pesadelo é receber uma xícara de café e descobrir que o café não existe e nunca existiu. O horror! (risos)

Muito obrigado pelo seu tempo! Espero ver você e sua banda em breve no Brasil, e, por favor, entre em contato com os selos brasileiros, pois é muito difícil encontrar seus discos por aqui!
Muito obrigado! Foi divertido responder a essas perguntas. Eu direi ao nosso selo que eles precisam encontrar um parceiro brasileiro o mais rápido possível!

Discografia de Lawrence Mackrory com F.K.Ü.:
"Metal Moshing Mad" (1999); "Sometimes They Come Back... to Mosh" (2005); "Where Moshers Dwell" (2009); "4: Rise of the Mosh Mongers" (2013); "1981" (2017).

Com Darkane:
"Rusted Angel" (1999); "The Sinister Supremacy" (2013).





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